A Quaresma
Iniciamos a Quaresma, tempo muito importante para os católicos, e, em larga escala, para todos os cristãos sérios desejosos de aprimoramento interior e de mudança de vida. Alguns a consideram como tempo de privação, de negação de si, de renúncias. E é verdade! Porém, é necessário saber que os convites quaresmais estão em plena sintonia com as atuais aspirações do ser humano.
Em tempos de superação, autodisciplina, domínio de si – tão evidenciado nos esportes, por exemplo – a Igreja convida-nos à penitência. Hoje se fala muito em espiritualidade, sintonia com o cosmos e atenção às realidades superiores; a Igreja, há dois milênios, convida-nos à oração. Quando tanto se fala em solidariedade, em sustentabilidade como fruto do bom relacionamento dos homens entre si no ambiente em que vivem, a Igreja, desde há muito, fala da caridade como impulso da alma para chegar até Deus.
Penitência, oração e caridade. As três palavras-chave para viver o espírito quaresmal e que são, como dito, bastante atuais. A humanidade de uma pessoa pode ser mensurada por estes três elementos. Tanto mais homem quanto mais dono de si, mais orante, mais caridoso. Percebe-se, portanto, ser este o momento ideal para a mudança de vida, para a conversão. E tudo isso, com vistas à celebração da Páscoa, mistério maior da nossa fé, em que, com Cristo, celebraremos a nossa libertação do pecado e nossa ressurreição para a vida, uma vez mortos para o pecado.
Ninguém tenha medo destes dias. A Igreja deverá estar mais austera na liturgia, nas vestes do padre, na ausência de flores e dos instrumentos musicais (permitidos apenas para sustentar o canto e não para acompanhar os inadmissíveis shows particulares de alguns em plena missa). E esta austeridade litúrgica deve nos conduzir pelos caminhos da reflexão a respeito da nossa realidade mais profunda: somos pó e ao pó retornaremos, convertamo-nos, portanto, e busquemos em Deus, que é paciente e misericordioso, o perdão para nossos pecados.
Do mesmo modo, que ninguém ache que não pecou. Bem verdade que, nalguns, a consciência reta pode concluir não haver cometido pecado, porém, muito interessante é o fato de que os grandes santos da história sempre se acharam grandes pecadores. Eis o fundamento da santidade, o reconhecimento da própria pequenez e da grandeza de Deus.
No Brasil, por feliz inspiração da Arquidiocese de Natal/RN, celebra-se a Campanha da Fraternidade, este ano, trazendo à baila a problemática da saúde pública brasileira, ambiente propício para a transformação, tendo em vista a triste realidade que assola muitos de nossos irmãos, à espera da morte (não da vida) nas intermináveis filas dos hospitais.
Façamos bons propósitos para este tempo, tão cheio de riqueza espiritual, e, ao seu fim, celebremos com muita alegria a Páscoa de Cristo e a nossa Páscoa.
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