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Francisco Cartaxo

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A Paraíba e seus problemas

30/08/2021 às 19h36

Coluna de Francisco Frassales Cartaxo.

Por Francisco Frassales Cartaxo

Estou relendo o livro A Paraíba e seus problemas. Na verdade, lendo, tão distante faz que, pela primeira vez, li pequenos trechos de meu imediato interesse, no auge da seca de 1958. Ano de eleição, de corrupção sem freio, as listas de “flagelados das frentes de emergência” recheadas de familiares e amigos de chefes políticos. E até de estudantes! Tudo às claras, denunciado pela imprensa nacional, o velho PSD na presidência da República com Juscelino Kubistchek. Por isso, Acácio Braga Rolim foi o candidato mais votado em Cajazeiras e conquistou seu único mandato de deputado estadual.

1958 foi para mim tempo de saudade.

Naquele ano eu fazia o científico, me preparava para vestibular de direito na UFC, enquanto cursava o Centro de Preparação de Oficiais da Reserva (CPOR), em Fortaleza. Portanto, não podia passar férias em Cajazeiras. Agarrei-me ao livro que José Américo de Almeida escreveu em 1923. Ele contém ampla análise do fenômeno da seca e destaca as ações do governo do presidente Epitácio Pessoa (1919-1922) voltadas para combater seus efeitos. Construção de portos, ferrovias, estradas de rodagem, grandes e médios açudes. Acompanhava, também, pela Rádio Borborema, vez por outra, o desenrolar da campanha eleitoral na Paraíba e ainda escrevia um “diário da seca”. Em verdade, eu anotava num caderno notícias de chuvas, divulgadas no jornal O Povo ou pela emissora campinense.

Mas voltemos ao livro.

Ao ler a edição do Senado Federal (2012), vejo agora, citado em francês, o que li em português no Curso de Economia Política. Caramba, José Américo e eu tivemos as primeiras noções sistemáticas de Economia no mesmo livro do economista e historiador francês Charles Gide (1847-1932). Zé Américo, quando estudava na Faculdade de Direito do Recife, em 1904, e eu em Fortaleza, 55 anos depois! Lições de Economia de autor que falecera, aos 85 anos, antes de conhecer os efeitos completos da grande depressão de 1929 e, claro, a notável contribuição de John Maynard Keynes, o pensador inglês que influenciaria as gerações seguintes, inclusive os latino-americanos, como Celso Furtado. Keynes formulou teorias inovadoras, defendeu a pronta intervenção do Estado na economia, em épocas de crise. E deu ferramentas aos estudiosos dos países subdesenvolvidos para analisar nossa realidade e revolucionar a administração pública. Mas isso veio muito depois de José Américo escrever seu extraordinário livro.

Presidente da Academia Cajazeirense de Artes e Letras – ACAL


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Francisco Cartaxo

Francisco Cartaxo

Francisco Sales Cartaxo Rolim (Frassales). Cajazeirense. Cronista. Escritor.
Trabalhou na Sudene e no BNB. Foi secretário do Planejamento da Paraíba,
secretário-adjunto da Fazenda de Pernambuco. Primeiro presidente da
Academia Cajazeirense de Artes e Letras. Membro efetivo do Instituto
Histórico e Geográfico Paraibano. Autor dos livros: Política nos Currais; Do
bico de pena à urna eletrônica; Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras
no cerco ao padre Cícero; Morticínio eleitoral em Cajazeiras e outros
escritos.

Contato: [email protected]

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Francisco Sales Cartaxo Rolim (Frassales). Cajazeirense. Cronista. Escritor.
Trabalhou na Sudene e no BNB. Foi secretário do Planejamento da Paraíba,
secretário-adjunto da Fazenda de Pernambuco. Primeiro presidente da
Academia Cajazeirense de Artes e Letras. Membro efetivo do Instituto
Histórico e Geográfico Paraibano. Autor dos livros: Política nos Currais; Do
bico de pena à urna eletrônica; Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras
no cerco ao padre Cícero; Morticínio eleitoral em Cajazeiras e outros
escritos.

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