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Francisco Cartaxo

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A pandemia e o aniversário da ACAL

11/05/2020 às 08h24

Coluna de Francisco Cartaxo

Maio é mês das noivas, dizem. Mês de festa, de comemorações. Mês do aniversário da ACAL. No dia 24 de maio de 2019, trinta e oito cajazeirenses e cajazeirados instalamos a Academia Cajazeirense de Artes e Letras, em solenidade artística e literária, no Cajazeiras Tênis Clube. Um marco na história cultural de nossa terra, que concretizou um sonho de muitas gerações. Encontro de efusivos abraços e beijos e muita alegria! Mal trocamos a roupa festiva, guardamos a medalha e nos revimos em fotos históricas, bem não fizemos isso, já começamos a planejar novos eventos que integre mais ainda a sociedade cajazeirense a nossos rituais.

A festa de 24 de maio, deste ano, está prevista no Estatuto Social, com presença obrigatória dos sócios efetivos da ACAL. A pandemia do coronavírus, no entanto, impôs suas condições. Impossível nos reunirmos em sessão solene daqui a duas semanas. O mundo inteiro sofre as agruras causadas pelo poderoso invisível, que nos tranca em casa, usando a tática do confinamento, como se estivéssemos em guerra mundial.

Então quando faremos a festa?

Difícil marcar nova data. A crise do coronavírus se acha em plena evolução, o planeta com milhões de contaminados. A economia desestruturada. Em todos os continentes são quase 270 mil mortos, mais de 70 mil nos Estados Unidos, o primeiro país nesse macabro ranking. Na Europa, onde o avanço do vírus dá sinais de declínio, Inglaterra, Itália, Espanha e França registram acima de 25 mil mortos, em cada um deles. O Brasil está longe desse patamar fúnebre. Mesmo assim, beiramos 9 mil mortes reconhecidas pelas autoridades de saúde. O Nordeste passa de 2.400, a Paraíba perto de 100 mortes. Infelizmente, há sinais de rápida aceleração da covid-19 rumo ao interior. Com muita apreensão, Cajazeiras constata isso.

E o futuro?

O futuro é incerto. Enquanto o vírus mortal se espalha em todos os rincões do planeta e invade as casas dos mais vulneráveis, cientistas buscam meios de barrá-lo. Impossível eliminar o destruidor. Aí estão as espécies de vírus gripais. Quando teremos vacina certeira? Ninguém arrisca prever. Por isso, é bom ouvir a ciência. O médico Miguel Nicolelis, neurocientista, coordenador do Comitê Científico do Consórcio Nordeste, criado para assessorar os estados nordestinos nessa crise da covid-19, vaticina que o Brasil poderá ser “o novo epicentro da crise mundial”, assumindo o desonroso lugar, hoje ocupado pelos Estados Unidos. Valha-nos Deus!

O Brasil exibe notória e forte desigualdade econômica e social. Sem paralelo, por exemplo, com a Inglaterra, França e Itália. Esse fato incontestável, aumenta o poder letal do coronavírus, dada a fragilidade imunológica dos mais pobres. Além disso, lembra Nicolelis: “O Brasil é o único País que enfrenta uma crise política, institucional no meio da pandemia, (…) é a interferência do pandemônio na pandemia. E esse pandemônio gera mortes.”

Diante de tantas incertezas, adiamos a festa da ACAL. Confinados, faremos um encontro virtual, usando recursos tecnológicos da comunicação à distância, reuniremos confrades e confreiras. O sonho comemorativo, com expansivos abraços e beijos e muita alegria, fica transferido para quando houver proteção à saúde de todos. Aí sim, teremos o lançamento da Revista da ACAL, de livros de imortais e colaboradores, intensa programação cultural e artística, e outros traços de igual sentido duradouro.

Por enquanto, ficamos em casa.

Presidente da Academia Cajazeirense de Artes e Letras – ACAL


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Francisco Cartaxo

Francisco Cartaxo

Francisco Sales Cartaxo Rolim (Frassales). Cajazeirense. Cronista. Escritor.
Trabalhou na Sudene e no BNB. Foi secretário do Planejamento da Paraíba,
secretário-adjunto da Fazenda de Pernambuco. Primeiro presidente da
Academia Cajazeirense de Artes e Letras. Membro efetivo do Instituto
Histórico e Geográfico Paraibano. Autor dos livros: Política nos Currais; Do
bico de pena à urna eletrônica; Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras
no cerco ao padre Cícero; Morticínio eleitoral em Cajazeiras e outros
escritos.

Contato: [email protected]

Francisco Cartaxo

Francisco Cartaxo

Francisco Sales Cartaxo Rolim (Frassales). Cajazeirense. Cronista. Escritor.
Trabalhou na Sudene e no BNB. Foi secretário do Planejamento da Paraíba,
secretário-adjunto da Fazenda de Pernambuco. Primeiro presidente da
Academia Cajazeirense de Artes e Letras. Membro efetivo do Instituto
Histórico e Geográfico Paraibano. Autor dos livros: Política nos Currais; Do
bico de pena à urna eletrônica; Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras
no cerco ao padre Cícero; Morticínio eleitoral em Cajazeiras e outros
escritos.

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