A inflação voltou. Será o fim do Plano Real?
Por Alexandre Costa
Concebido, há 27 anos, como uma das maiores obras de engenharia financeira do mundo, o Plano Real, uma ideia embrionária de dois brilhantes economistas da PUC do Rio de Janeiro, Pérsio Arida e André Lara Resende, salvou o Brasil da sua maior catástrofe econômica da sua história ao implantar com sucesso um ousado e revolucionário plano de estabilização econômico ancorado no equilíbrio fiscal, desindexação da economia e na adoção de um novo padrão monetário.
O ano era 1994, o presidente era Itamar Franco, a inflação em junho desse ano chegou a quase 47%, vivíamos a era da hiperinflação, do overnight e das ORTN-Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional e da onda incontida e desenfreada da remarcação de preços onde um mesmo produto aumentava várias vezes num mesmo dia, um caos econômico que deixou a economia em frangalhos promovendo o imposto inflacionário, o mais injusto e perverso dos impostos.
Para atingirmos a nossa estabilidade econômica, um dos principais valores da sociedade brasileira, passamos por sete planos econômicos desde 1986 (Cruzado, Cruzado II, Bresser, Verão, Collor e Collor II e Real) e seis moedas (Cruzeiro, Cruzado, Cruzado Novo, Cruzeiro, Cruzeiro Real e Real) antes do Real, uma zorra que confirma uma velha máxima: empreender no Brasil não é tarefa para amadores.
Depois de 21 anos de relativa calmaria, a luz Vermelha voltou a acender essa semana quando o IBGE-Instituto Brasileiro de Geografia divulgou o INPC-Índice Nacional de Preços ao Consumidor de agosto apontando uma inflação acumulada de 10,4% nos últimos 12 meses. Sim, ela está viva e de volta na casa dos dois dígitos motivo de inquietação e angustia principalmente para aqueles que viveram dias difíceis do período da hiperinflação.
O coro de analistas econômicos que tentam identificar as causas da volta da inflação é engrossado pela economista Silvia Matos do IBRE-Instituto Brasileiro de Economia da FGV-Fundação Getúlio Vargas quando ela alerta para algo mais grave quando afirma que no Brasil já se configura no Brasil um quadro de estagflação, uma mazela econômica que combina baixo crescimento econômico com inflação. Além de queda coice.
Apesar do viés ideológico que contamina o debate econômico para avaliar e elencar as causas da volta da inflação, seus impactos e os seus riscos que afetam diretamente o Plano Real nessa conjuntura de desorganização da nossa economia, a crise pandêmica, nitidamente, toma a dianteira nessa lista, seguido da escassez hídrica, desvalorização da moeda, e a instabilidade política entre os poderes da República.
A pandemia colocou o Plano Real em xeque ao corroer seus pilares básicos de sustentação. A gastança para enfrentamento da COVID-19 destroçou as contas púbicas, puxou perigosamente a inflação para cima do centro meta, o dólar caro encareceu a produção de alimentos e para frear tudo isso chega o Banco Central para aumentar a taxa de juros que fatalmente travará nosso crescimento. Quanta saudade da nossa estabilidade econômica. O Plano Real precisa urgentemente ser repensado.
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