Quais impactos o desastre no RS pode trazer para economia do país
Entenda os impactos que o desastre natural no Rio Grande do Sul pode trazer para a economia do Brasil
Por: Elan Nascimento Apolinário
Assessor de Investimentos credenciado à XP Investimentos
O desastre natural no Rio Grande do Sul, que já provocou pelo menos 151 mortes, trará impacto em pelo menos três frentes da economia brasileira: crescimento do PIB, setor agrícola e resultado fiscal.
Antes e depois
Antes desse acontecimento a economia do estado vinha em ascensão, havia uma estimativa de crescimento para o ano de 3,5% que estava se confirmando até abril.
Depois dos incidentes, a estimativa agora é de que a economia do Rio Grande do Sul caia 2% neste ano.
A economia gaúcha corresponde a 6,5% do PIB brasileiro, por isso, os impactos não se limitarão ao Rio Grande do Sul, ele irá reverberar na economia brasileira como um todo.
Indústria
O primeiro setor que sente é a indústria. As enchentes afetaram 94,3% de toda atividade econômica do Rio Grande do Sul, segundo um levantamento divulgado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs).
Três das maiores regiões afetadas (Região Metropolitana de Porto Alegre, Vale dos Sinos e Serra) contribuem com R$ 220 bilhões para a atividade econômica brasileira. Essas três regiões concentram 23,7 mil indústrias que empregam 433 mil pessoas.
- A Região Metropolitana de Porto Alegre produz metalmecânicos (veículos, autopeças, máquinas), além de derivados de petróleo e alimentos.
- A Região do Vale dos Sinos é muito forte na produção de calçados.
- A Região da Serra (de cidades como Caxias do Sul, Bento Gonçalves, Farroupilha) também possui matrizes produtoras de metalmecânicos e móveis.
Agronegócio
O Rio Grande do Sul é uma das potências do agro brasileiro, o Estado representa 12,6% do PIB da agricultura nacional. Segundo um levantamento do Bradesco, a agropecuária brasileira será o setor econômico mais afetado pelas enchentes. O banco divulgou um relatório considerando que o PIB agropecuário no Brasil pode recuar 3,5%. Sem falar que as perdas no agronegócio podem ser ampliadas pela logística, que afeta tanto o escoamento da safra, bem como impede a chegada de insumos para outras regiões do Brasil, e isso vai pegar de cheio os setores de laticínios e carnes.
O Rio Grande do Sul responde por 70% da produção do arroz do Brasil, 12% da produção de frangos, 17% da produção de suínos, 15% de soja e 4% de milho.
Já há registros de aumento no preço do arroz e o governo anunciou a importação do produto para evitar um choque ainda maior. Há temores de que os preços de carne de frango e suína também possam subir em breve.
Por sorte, 70% da safra de soja e 80% da safra do arroz já haviam sido colhidos. A dúvida é se a quantidade já colhida e armazenada nos silos foi comprometida ou não.
Até no exterior
As enchentes já provocam choques em alguns preços internacionais — a cotação mundial da soja na bolsa de Chicago chegou a subir 2% na semana passada.
Fiscal brasileiro
É sabido que o Brasil já vive um momento fiscal delicado. No entanto, o quadro se agrava bastante agora que o governo federal terá que fornecer uma grande ajuda financeira ao estado do Rio Grande do Sul.
Será enviado ao Congresso uma proposta para suspender a cobrança da dívida do Estado do Rio Grande do Sul com a União por três anos. Tal medida também inclui o perdão da cobrança de juros sobre a dívida, isso gera um impacto de R$ 12 bilhões aos cofres da União.
Na quarta-feira, o governo federal anunciou um auxílio-reconstrução no valor de R$ 5 mil por família cadastrada, que custará R$ 1,2 bilhão aos cofres.
O governo federal já havia anunciado na semana passada um pacote de medidas que pode chegar a R$ 51 bilhões, incluindo pagamentos antecipados de benefícios como Bolsa Família, auxílio-gás, abono salarial e restituição do Imposto de Renda, além de algumas renúncias fiscais.
PIB Nacional
O estudo feito pelo Bradesco prevê que o impacto da crise no Rio Grande do Sul pode reduzir o crescimento do PIB nacional em 0,2 a 0,3 ponto percentual.
A Confederação Nacional dos Municípios calcula em mais de R$ 8,9 bilhões os prejuízos financeiros das enchentes. Segundo a entidade, R$ 2,4 bilhões desse prejuízo são no setor público, R$ 1,9 bilhão no setor produtivo privado e R$ 4,6 bilhões das habitações destruídas.
É importante destacar que ainda não é possível quantificar com precisão a escala exata do impacto econômico, uma vez que as chuvas continuam e os danos ainda não foram avaliados com precisão.
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