Transposição
Por José Ronildo – A transposição do Rio São Francisco tem sido mais uma ação importante por parte do Governo Federal para dar segurança hídrica ao semiárido nordestino. Não há dúvidas de que é um grande investimento; uma obra de engenharia hídrica impressionante que foi tirada do papel pelo atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mesmo diante de grandes resistências. Diziam que a obra ia matar o Rio São Francisco. Até bispo, por incrível que pareça fez greve de fome contra sua execução.
O problema das secas no semiárido nordestino vem de longe desde o Império: “Não restará uma única joia na Coroa, mas nenhum nordestino morrerá de fome”, afirmou o imperador Dom Pedro II no século XIX. A frase foi cunhada após o período que ficou conhecido como “A Grande Seca” (1877- 1879), responsável pela morte de 600 mil pessoas no Nordeste do Brasil.
A criação do IOCS (Inspetoria de Obras Contra as Secas) criada em 21 de outubro de 1909 foi criada com o intuito de barrar as águas dos principais rios da região. Em 1919 o órgão passou a ser chamado de IFOCS (Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas) e finalmente em 1945, DNOCS (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas), tudo com o intuito de dar segurança hídrica à região, caso contrário, ela ficaria inabitável. A ideia inicial era barrar a água dos principais rios do semiárido nordestino. Na região, o Piranhas, Piancó e Peixe. Apesar da valiosa importância dessas grandes barragens, não foi a solução, dando a tão sonhada segurança hídrica, tendo em vista que eles não resistiam a longos períodos de estiagem.
Agora vem a transposição de águas do Rio São Francisco para manter essas barragens cheias e os rios perenizados, que hoje são importantes para a produção de frutas, verduras, arroz, pecuária, etc. Grandes e médias cidades já enfrentaram insegurança hídrica, como Fortaleza, Campina Grande, Cajazeiras, Mossoró, Pau dos Ferros e tantas outras. Hoje, a transposição já cumpre seu objetivo, apesar dela ainda não ter sido concluída. Caminhões pipas, por exemplo já fazem a captação da água para levar até as cisternas das comunidades nos açudes construídas ou que estão recebendo água da transposição.
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Apesar de continuar sendo muito difícil a vida na zona rural, principalmente após o algodão ser dizimado, a infraestrutura melhorou muito com o intuito de oferecer as condições necessárias para que o homem continue no campo, deixando de migrar para as cidades em busca de emprego e melhores condições de vida, já que antes nem essa alternativa ele tinha, como energia elétrica, cisternas que captam a água das chuvas, poços artesianos, abastecimento d’água, etc. Produzir onde tem água até que não é difícil, agora continuar praticando a agricultura de subsistência, continua quase impraticável.
O Projeto de Integração do Rio São Francisco é a maior obra de infraestrutura hídrica do País, dentro da Política Nacional de Recursos Hídricos. Com 477 quilômetros de extensão em dois eixos (Leste e Norte), o empreendimento vai garantir a segurança hídrica de 12 milhões de pessoas em 390 municípios nos estados de Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba, onde a estiagem é frequente.
Os dois eixos englobam a construção de 13 aquedutos, nove estações de bombeamento, 27 reservatórios, nove subestações de 230 quilowats, 270 quilômetros de linhas de transmissão em alta tensão e quatro túneis. Com 15 quilômetros de extensão, o túnel Cuncas I é o maior da América Latina para transporte de água.
As obras do Projeto São Francisco passam pelos seguintes municípios no Eixo Norte: Cabrobó, Salgueiro, Terranova e Verdejante (PE); Penaforte, Jati, Brejo Santo, Mauriti e Barro (CE); em São José de Piranhas, Monte Horebe e Cajazeiras (PB). Já no Eixo Leste, o empreendimento atravessa os municípios pernambucanos de Floresta, Custódia, Betânia e Sertânia; e em Monteiro, na Paraíba.
O Ramal do Apodi, Trecho IV do Projeto de Integração do Rio São Francisco com Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional (PISF), transportará, por gravidade, as águas do rio São Francisco, a partir da estrutura de controle do Reservatório de Caiçara, na Paraíba, até o Reservatório Angicos, no Rio Grande do Norte, em uma extensão aproximada de 115,4 quilômetros.
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