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José Anchieta

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Água por voto

26/09/2012 às 11h52

ÁGUA POR VOTO

Nunca houve interesse em resolver o problema da seca nordestina. Em todas as esferas, os governos que se sucedem vêem a seca como uma formidável indústria que, ainda hoje, rende votos. Eis, para confirmar o que digo, a paralisação das obras de transposição do Rio São Francisco.

De um lado, políticos espertalhões, que não perdem a oportunidade de se aproveitarem da situação dramática de milhões de pessoas que passam sede; de outro, homens e mulheres famintos que não encontram alternativas, senão a de trocar o que possuem de mais valioso, o voto, por comida ou por água.

Tais “expedientes” não ficaram no longínquo passado dos coronéis, que utilizavam cabresto nos cavalos e, também, nos eleitores. Essas práticas são corriqueiras e acontecem, nos dias de hoje, bem pertinho da gente. Em pleno ano de 2012, nos grotões sertanejos, troca-se água por voto. A notícia, que parece incrível, é real e assustadora, haja vista o nível de “democracia” em que imaginamos estar e a conduta daqueles que pretender ser representantes do povo.

Reportagem publicada no site Revista Central (http://www.revistacentral.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=5963:agua-por-voto-eleitores-estao-trocando-votos-por-agua-na-zona-rural-de-quixada&catid=169:eleicoes-2012&Itemid=551), da cidade de Quixadá, dá conta de uma antiga modalidade de corrupção eleitoral, em que “eleitores estão trocando votos por água, na zona rural de Quixadá”. Afirma o texto que, pelos votos dos moradores, alguns candidatos estão enchendo as cisternas de placas da zona rural do município de Quixadá. E, como “garantia”, anota-se o número do título eleitoral (é ou não é coronelismo arcaico e retrógrado?).

O "feito" não é exclusividade de alguns "honestos" candidatos quixadaenses. O crime eleitoral descrito acima e tipificado no art. 299, da Lei nº 4.737/65 (o Código Eleitoral), acontece em quase todos os lugares. Deve o eleitor aceitar este jogo sujo? Evidentemente, não! Além da denuncia corajosa, é necessário resistir às investidas desavergonhadas de quem pretende “chegar ao poder” dessa forma.

O voto é a mais potente arma de que o cidadão dispõe para mudar a realidade. Não podemos transformar a “festa democrática” em “banquete macabro”. Precisamos de homens e mulheres públicos comprometidos com a construção de uma sociedade mais justa para todos.

A “venda” ou a “compra” pode resolver problemas pontuais (água para uma semana), mas, com certeza absoluta, gerará outros maiores ainda, desta vez, por quatro anos. Não somente é corrupto o que “compra” o voto, o candidato, mas também aquele que o “vende”, mesmo que precise de algo momentaneamente. Quem age assim não pode reclamar de nada, ao longo do mandato de um corrupto.

Não venda seu voto. Use-o como instrumento de cidadania.


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

José Anchieta

José Anchieta

Redator do Jornal Gazeta do Alto Piranhas, Radialista, Professor formado em Letras pela UFPB.

Contato: [email protected]

José Anchieta

José Anchieta

Redator do Jornal Gazeta do Alto Piranhas, Radialista, Professor formado em Letras pela UFPB.

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